
Içami Tiba foi o convidado do Bom Dia Ticket, que aconteceu nessa semana em Porto Alegre (Foto: Pedro Revillion)
A educação recebida no ambiente familiar é a base de tudo. Inclusive da vida profissional. Quem afirma com propriedade é o psiquiatra e escritor Içami Tiba. Ele foi o convidado especial do Bom-Dia Ticket, que aconteceu nesta semana em Porto Alegre. O evento anual é oferecido a clientes e colaboradores pela empresa, que pertence ao grupo Edenred e que neste mês está completando 36 anos de funcionamento no paÃs.
Tiba falou por quase 2 horas a uma plateia atenta, de cerca de 130 pessoas. O autor do best-seller “Quem Ama, Educa” destacou situações e conflitos da vida moderna, como os vividos pelas mulheres, que conquistaram o mercado de trabalho, mas que ainda andam na corda bamba para equilibrar carreira e famÃlia. “A mulher moderna é a que trabalha. Ela colocou o chip novo, que não combina com o antigo, o de mãe. E hoje há um conflito: a mulher e a mãe. Ela se sente culpada por não ter filhos ou por viver longe deles”.
Nem sempre ser bem-sucedido no mundo dos negócios é significado de êxito no meio familiar. Muitos pais, diz Tiba, para compensar a ausência em casa, tendem a ser permissivos. “Nós tornamos os filhos dependentes, fazemos tudo para eles. Mas a divisão de funções é cidadania familiar, e ela chegará à empresa. O conforto e as condições mudaram, mas os valores intangÃveis como o respeito ao próximo, aos mais velhos, à ética, à gratidão, à religiosidade, devem permanecer”, afirma Tiba, ressaltando que as escolas acabaram ficando com a tarefa de repassar aos jovens os valores que deveriam ser aprendidos em casa.
Para compensar a ausência, pais preferem dar o melhor aos filhos sem estabelecer limites. O comportamento da geração Y é resultado disso. “São filhos que receberam tudo dos pais, porque esses pertencem à geração ”asa e pescoço de galinha”, então querem que os filhos comam ”peito e coxa””, brinca. “A infância foi feita para absorver valores familiares, não foi feita para mandar. Mas as crianças estão mandando e o marketing percebeu isso, tanto que as ofertas atrativas estão ao acesso dos pequenos, que decidem o que querem comprar. O problema não está na genética dos filhos, está no estilo de vida dos pais.”
Segundo o psiquiatra, as fases da vida moderna sofreram acréscimo e subdivisões. “Como a adolescência, que não existia há 50 anos. Agora surgiu o adulto jovem, na faixa dos 25 a 30 anos. Aquele que é formado, mas não quer trabalhar para ganhar pouco, quer saber o que a empresa tem a oferecer. Em contrapartida, surgiu um bando de gente aposentada, mas com energia e conhecimento. E o mundo, que antes os chamavam de ”boa idade”, começou a chamá-los de senescentes.” Tiba também falou sobre o conceito de alta performance, criado por ele, e que aponta desafios e condutas que levam a uma vida melhor. “Falar em fazer o melhor possÃvel parece chover no molhado. Todos acham que fazem, mas é um engano. Ninguém sente falta do que não conhece. Quem não tem educação acha que isso é frescura. Os novos ricos são os primeiros que negam a educação. São arrogantes: ”tô pagando”, ”eu compro””, disse Tiba ao citar um dos pilares do conceito. “Existem na sociedade três tipos de pessoas: as ovelhas, os lobos e os cães pastores. Todos temos os três dentro de nós. Depende qual que vamos alimentar”, concluiu o escritor de 71 anos.