
Boca e River disputam título da Supercopa nesta quarta-feira – Foto: Boca / Divulgação / CP
A próxima quarta-feira será histórica para o futebol argentino. Boca Juniors e River Plate estarão frente a frente para decidir o título da Supercopa Argentina. O torneio, que teve início em 2012, nunca foi tratado com muita importância até então. No entanto, ganhou status de grande conquista neste ano exatamente por reunir os dois maiores clubes do país. Em mais de 100 anos de rivalidade, essa será apenas a segunda vez que Boca e River se enfrentarão em uma final.
A única vez que o “Superclásico” foi disputado em uma final ocorreu em 1976. Naquela temporada, o Campeonato Nacional teve a primeira fase dividida em quatro grupos. Boca e River foram vencedores das suas chaves e avançaram até a grande decisão. A final foi em jogo único e teve vitória xeneize por 1 a 0 no até hoje conhecido como “Gol Fantasma” de Rubén Suñe.
A final de 1976 ocorreu no Cilindro, o estádio do Racing. O único gol da partida aconteceu em uma cobrança de falta. Enquanto o goleiro do River Ubaldo “El Pato” Fillol arrumava a barreira, o meio-campista xeneize Rubén Suñe fez a cobrança e marcou o gol. A batida rápida surpreendeu até a transmissão de televisão da partida, que perdeu o lance. As imagens do histórico gol de Suñe existem apenas em fotos.
Confira imagens da única final entre Boca e River em 1976:
O fato de a maior parte dos Campeonatos Argentinos ter sido disputada em pontos corridos contribuiu para Boca e River não terem se enfrentado em outra final. Em alguns campeonatos até houve jogos extras para definir os campeões, mas nunca contou com a presença dos dois grandes. O Boca fez uma final com o Estudiantes em 2006 e participou de um triangular com San Lorenzo e Tigre em 2008. O River Plate também teve decisões em jogos extras, mas contra o Independiente em jogo único, em 1932. Em 1968, os Millonários definiram o título em um triangular com Racing e Vélez.
A Copa Argentina é outro torneio que dá a possibilidade para Boca e River disputarem uma final. O chaveamento da competição, que voltou a ser disputada em 2012, tem sido feito sempre permitindo que os dois possam se encontrar apenas na decisão. O mais perto que isso ocorreu foi exatamente em 2012, quando o Boca chegou à final, mas o River caiu na semi nos pênaltis para o Racing. Na Libertadores e na Sul-Americana, o mais longe que os dois se enfrentaram foi na fase semifinal – em 2004 na Libertadores e 2014 na Sul-Americana, com uma vitória para cada.
Em comum com 1976, Boca e River têm para a final da Supercopa o fato de contarem com grandes ídolos como técnico. Há 42 anos, o Boca era comandado por Toto Lorenzo, que levou o clube as suas primeiras conquistas de Libertadores da América e do Mundial de Clubes. Lorenzo foi o treinador mais vencedor dos xeneizes até a chegada de Carlos Bianchi, no final dos anos 90. Já o River de 76 era comandado por Ángel Labruna, ídolo máximo da história do clube, que como jogador é até hoje o maior artilheiro millonário. A idolatria por Labruna fez o River transformar a data do seu aniversário no “dia do torcedor millonário”.
Em 2018, o Boca é treinado por Guillermo Barros Schelotto, que, entre outros títulos, conquistou como jogador três Libertadores e dois Mundiais de Clubes. Como técnico, ele levou os xeneizes ao título argentino na temporada passada. Já o River é comandado por Marcelo Gallardo. “El Muñeco”, que como jogador conquistou a Libertadores em 1996, tem no currículo de técnico a Libertadores 2015, além de uma Sul-Americana, duas Recopas e duas Copas Argentinas. Os dois clubes vão em busca do inédito título da Supercopa. Boca e River já chegaram a duas decisões do torneio, mas terminaram derrotados.
Boca e River chegam para a decisão da Supercopa em situações completamente diferentes no Campeonato Argentino. Enquanto os xeneizes lideram o torneio com oito pontos de vantagem para o vice-líder Talleres, os Millonários aparecem apenas no 18º lugar. Vinte e três pontos separam as duas equipes na competição.
O que isso deve valer na hora do jogo? A tendência é de que pouca coisa. O River de Gallardo costuma ser um time muito forte em partidas decisivas. Por outro lado, o Boca que vem da conquista do Argentino em pontos corridos e lidera o atual torneio, vem devendo em competições de mata-mata. Nas duas últimas Copas Argentinas, o time caiu para o Rosario Central antes mesmo das semifinais.
Para esta quarta-feira, os dois clubes chegam praticamente sem desfalque. O Boca não terá apenas Gago e Benedetto, que estão fora desde o final do ano passado após passarem por cirurgia. Tevez é, claro, a principal atração da equipe xenzeize. Mas o time terá em campo ainda a dupla convocada por Sampaoli para a seleção argentina, Pavón e Pablo Pérez, além de nomes como os colombianos Wilmar Barrios, Frank Fabra e Cardona. No River, Pratto, a contratação mais cara da história do clube, estará no comando do ataque da equipe, que tem ainda a duplas de Nachos, Scocco e Fernández, além de Ponzio e Enzo Pérez como principais nomes.
Prováveis escalações para a final da Supercopa
Boca Juniors
Rossi; Jara, Goltz, Magallán, Fabra; Barrios, Nández, Pablo Pérez; Pavón, Tevez e Cardona.
River Plate
Armani; Montiel, Maidana, Martínez Quarta, Saracchi; Ponzio, Nacho Fernández, Enzo Pérez, Pity Martínez; Scocco e Pratto.
Local: Estádio Malvinas Argentinas, em Mendoza
A Supercopa está marcada para as 21h10min desta quarta-feira e terá transmissão para o Brasil. A Fox Sports e o Esporte Interativo anunciaram que vão transmitir a partida.