Edgar Morin é maior sociólogo em atividade no mundo.
Não tem para ninguém.
É disparado o melhor e com a obra mais importante.
A “teoria da complexidade” é um achado que consegue superar até o melhor do neomarxismo de um Pierre Bourdieu e abrir novas perspectivas de análise.
Os seguidores de Bourdieu, que foi um baita pensador, costumam só ver o conflito, o negativo, a luta de poder nos campos – como diz Michel Maffesoli, a filosofia de Bourdieu ensina com originalidade que é melhor ser rico, bonito e jovem que feio, pobre e velho – e os mecanismos de distinção.
Morin consegue juntar competição e cooperação, conflito e associação, alcançando um altíssimo grau de explicação e compreensão sem cair em ruducionismos economicistas nem em teorias conspiratórias ou em superações dialéticas metafísicas dos conflitos de classe.
Três categorias não percebem isso: os ignorantes, os de má-fé e os ideologicamente cegos pela doutrinação do passado.
Essa cegueira ideológica reúne direita e esquerda. A direita neoliberal exultava há 20 anos achando-se moderna e denunciando o anacronismo da esquerda.
Hoje, o neoliberalismo é uma peça no museu do mal responsável pela crise deflagrada nos Estados Unidos em 2008 e que ainda devasta a Europa.
Crise de especulação, desregulamentação e ganância.
Morin diria: precisamos de mais e menos Estado.
Mais Estado para regulamentar e garantir os interesses coletivos.
Menos Estado em tudo que cada homem puder preservar para si sem ferir os demais, essa esfera privada da autonomia, da realidade e da imaginação.
A propósito: por que o Brasil nunca conseguiu ter um grande filósofo, um grande sociólogo, um grande pensador do presente?
Tivemos um extraordinário antropólogo: Gilberto Freyre.
E alguns bons escritores como Machado de Assis e Guimarães Rosa.
Nenhum da estatura de Borges, Balzac e Fitzgerald.
Na sociologia e na filosofia, excelentes professores.
Caro Juremir, respondendo a tua pergunta, acredito que o maior pensador do presente brasileiro seja Muniz Sodré. Talvez dividas essa mesma opinião. Concordo que possamos não compará-lo com Borges e outros grandes, mas Sodré com certeza ocupa espaço único no pensamento contemporâneo nacional, ainda mais tratando-se de Ciências da Comunicação.
-Dizer que o Brasil não tem pensadores chega a ser uma heresia afinal de contas o mundo inteiro conhece Neném Prancha(o maior de todos) e seus pensamentos filosóficos.
Já citaram Milton Santos e Paulo Freire, como sociólogo eu citaria Florestan Fernandes, que se fosse francês ou estadunidense estaria entre os grandes nomes da disciplina.
Não temos pelo mesmo motivo pelo qual não temos nenhum ganhador do Nobel, falta educação e estímulo para pensar, pura e simplesmente. Além disso, é só ver quem ocupa a academia brasileira de letras e tirar uma base por lá…
Sobre as Humanidades e o Ciência sem Fronteiras
Não esquece do Paulo Freire e do Milton Santos, e talvez muitos outros anõnimos por aí…
Ora, o Brasil teve um grande sociólogo, Fernando Henrique Cardoso, o príncipe da moeda, o nefelibata, o neobobo, o “grande estadista” da revista Veja, o “esqueçam o que eu escrevi”, o “assim não pode, assim não dá”.
Não há grandes filósofos porque a filosofia está presa na acadêmia clássica, não se incentiva pesquisas e leituras contemporâneas. Nos programas de pós graduação só da Kant, Brasil afora. É um bom filósofo, mas sua filosofia não dá conta de compreender a complexidade do mundo atual.
Como o próprio Morin falou em ‘Cabeça bem feita’:
“A filosofia deve contribuir eminentemente para o desenvolvimento do espírito problematizador. A filosofia é, acima de tudo, uma força de interrogação e de reflexão, dirigida para os grandes problemas do conhecimento e da condição humana. A filosofia, hoje retraída em uma disciplina quase fechada em si mesma, deve retomar a missão que foi a sua – desde Aristóteles a Bergson e Husserl – sem, contudo, abandonar as investigações que lhe são próprias. Também o professor de filosofia, na condução de seu ensino, deveria estender seu poder de reflexão aos conhecimentos científicos, bem como à literatura e à poesia, alimentando-se ao mesmo tempo de ciência e de literatura.” P. 23
“A filosofia, ao contribuir para a consciência da condição humana e o aprendizado da vida, reencontraria, assim, sua grande e profunda missão. Como já acusam as salas e os bares de filosofia, a filosofia diz respeito à existência de cada um e à vida quotidiana. A filosofia não é uma disciplina, mas uma força de interrogação e de reflexão dirigida não apenas aos conhecimentos e à condição humana, mas também aos grandes problemas da vida. Nesse sentido, o filósofo deveria estimular, em tudo, a aptidão crítica e autocrítica, insubstituíveis fermentos da lucidez, e exortar à compreensão humana, tarefa fundamental da cultura.” P. 54
Cuidado com o que tu escreves. Desse jeito vais ofender aquele pessoal que cultua o bandidão de boina e estrela. Os che pateta vão ficar furiosos contigo.
Sobre o filósofo brasileiro: uma hora destas chego lá!